terça-feira, 29 de março de 2011



Vidas Secas é um romance de Graciliano Ramos, escrito entre 1937 e 1938, publicado originalmente em 1938. O livro, narrado em terceira pessoa, aborda uma família de retirantes do sertão brasileiro condicionada a sua vida subumana, diante de problemas sociais como a seca, a pobreza, e a fome, e, consecutivamente, no caleidoscópio de sentimentos e emoções que essa sua condição lhe obriga a viver e a procurar meios de sobrevivência, criando, assim, uma ligação ainda muito forte com a situação social do Brasil hoje.
Durante o processo editorial do livro, Graciliano mostrou-se inteiramente cuidadoso com sua criação, frequentando a gráfica responsável pela elaboração do livro diversas vezes e examinando meticulosamente o material quando esse entrava no prelo, para ter a certeza que a revisão não interferiria em seu texto. Após sua publicação no Brasil em 1938, o livro circulou em território estrangeiro durante um bom tempo, sendo primeiramente lançado na Polônia e depois na Argentina, seguida por República Tcheca, Rússia, Itália, Portugal, França, Espanha e em outros. No Brasil, encontra-se em sua centésima sexta edição.
Por conta da consciência social que existe no conteúdo do livro, moldada através de uma estrutura dramática, o enredo tem sido analisado pelos críticos por meio da relação do homem com os meios naturais e sociais. De acordo com alguns especialistas, em Vidas Secas Graciliano contornou alguns estilos literários de sua época, o que lhe proporcionou pontos positivos no livro. Graciliano, por exemplo, foi cauteloso nas tradicionais ingerências do narrador opiniático e evitou o protesto ou o panfletarismo (que poderia usar, como outros autores da época, para criticar os aspectos sociais de seu país), o que certos críticos caracterizam como um "estilo seco, reduzido ao mínimo de palavras".
Vidas Secas figura entre os livros mais importantes da literatura brasileira, tendo ganhado, em 1962, o prêmio da Fundação William Faulkner (EUA) como livro representativo da Literatura Brasileira Contemporânea. Também conquistou um enorme público, tendo vendido até então mais de um milhão e meio de exemplates, enquanto é leitura obrigatória em vestibulares da USP, da PUC, da UFBA e da UFPA. O cineasta Nelson Pereira dos Santos realizou uma bem-sucedida versão homônima de Vidas Secas em 1963, reforçando aspectos atuais do país.